segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Percepção Musical

Quem nunca ouviu falar em solfejo musical? Solfejar significa simplesmente cantar as notas (ou melodias) escritas. A instrução musical começa com a leitura das notas musicais. Mas, somente a leitura, sem uma idéia sonora, não resolve nada. É indispensável, para qualquer músico, ouvir internamente o som da escrita musical.

O treino do solfejo, juntamente com os estudos rítmicos e de ouvido (ditados), ou simplesmente a percepção musical, é a maneira mais aconselhável para a aprendizagem da imaginação musical e para o desenvolvimento da musicalidade. A percepção musical pode ser considerada a porta do pensamento musical consciente.

Assim como qualquer músico, o guitarrista deve ser capaz de ter em mente a idéia exata sobre a altura da nota antes mesmo dela ser tocada. O compositor deve, da mesma forma, ser capaz de dominar este ouvido interno, o que explica inclusive como um compositor com deficiência auditiva - lembre-se de Beethoven - pode compor.

Um dos pré-requisitos para o estudo da percepção musical deve ser o domínio da teoria musical, ou pelo menos dos intervalos musicais e das escalas maiores e menores. Já contando com este conhecimento teórico, o estudo deve ser da natureza puramente prática. A filosofia principal é o entedimento da lógica da percepção musical. Um idéia para treinar a percepção musical pode ser a seguinte:

1. A percepção tonal
2. A percepção por intervalos
3. A combinação de ambas

Na percepção tonal, entendemos todas as notas de uma melodia como graus da escala em determinado tom. Os graus principais ou básicos são 1°, 3° e 5° graus, ou seja, os graus são chamados de graus secundários ou dependentes. Os graus secundários são deduzidos dos graus principais.

Dessa forma, aprendemos não as notas absolutas, mas os graus da escala que as notas representam em determinado tom. Isso significa que precisamos aprender a cantar somente uma escala maior e aplicá-la em várias alturas; o mesmo ocorrenco com a escala menor. Uma vantagem desse método é que treinamos cantar em todos os tons desde o início dos estudos. Outra vantagem é que desenvolvemos um sentido funcional-tonal desde o princípio e que certamente será bastante útil para os estudos posteriores de harmonia. Todo esse trabalho é direcionado para desenvolvimento de um ouvido relativo, mais acessível para a maioria das pessoas do que o ouvido absoluto.

Um pouco problemático no início é a nomenclatura. Para os guitarristas que estão acostumados a chamar as notas de C, D, E, etc, as sílabas dó, ré, mi, etc, são usadas para designar os 1°, 2°, 3°, etc, graus. Em português, estas sílabas expressam o nome das notas e, para evitar confusão, optamos pela pronúncia dos números correspondentes a determinado grau de escala. Inicialmente, devemos pronunciar rigorosamente estes números. Em seguida, podemos substituí-los por uma sílaba neutra (por exemplo, lá). Devemos, no entanto, evitar de pronunciar o nome real da nota.

Na percepção por intervalos, entendemos todas as notas de uma melodia como uma série de intervalos. Dominando os intervalos isolados, podemos aplicá-los na melodia, alternadamente.

Cantar palavras como, por exemplo, terça maior, etc, não seria nada prático. Optamos, então, pela pronúncia dos modelos de intervalos. Por qualquer quinta justa descendente, sol-dó, etc. Inicialmente devemos pronunciar rigorosamente os modelos. Em seguida devemos substituí-los por uma sílaba neutra. Mas, devemos evitar sempre de pronunciar o nome real da nota .

No início, o método por intervalos é bastante difícil mas, com o passar do tempo, acaba se tornando mais fácil do que o tonal.
Um pouco problemático é que um intervalo cantado errado causa um erro das alturas em todo o resto da melodia.

Tendo em vista estes dois métodos, o ideal é uma combinação de ambos que, com certeza, garantirá uma maior segurança (quase absoluta) no estudo da percepção musical. Experimente praticar com ambos os métodos e combinando-os. Os resultados podem ser muito bons.

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